“A
vida nem sempre é do jeito que esperamos.” Eu sabia disso. É completamente
desnecessário ficar escutando isso de todas as pessoas a minha volta. Meu
vizinho, meu chefe, meus primos. Eu queria que todos eles ficassem mudos por
alguns minutos. Sabe aqueles momentos em que tudo o que você mais deseja é ter
o poder de ser surda ou até mesmo ter o poder de desligar as coisas ao seu
redor. Mas por mais que eu quisesse, as coisas nunca seriam assim. Do mesmo
jeito que segunda-feira sempre chega. Pelo menos é o que a minha mãe sempre
dizia. Mas pra mim, isso nunca fez muito sentido. É claro que segunda-feira
sempre chegava, assim como a terça e a quarta depois dela. E assim por diante.
Um eterno ciclo. Assim como as horas. Como a Lua. Como a minha menstruação. E
essa era uma das coisas mais chatas que existiam. Menstruação. Coisa
desnecessária. Assim como bebês. E sexo. E todo o resto do contato humano. Eu
sei. Eu não existiria se não fosse pela menstruação da minha mãe, ou pela não
menstruação dela. Mas se eu não existisse, todas as pessoas seriam bem menos
infelizes. Qualquer coisa longe de mim era mais divertida. Eu nem sei como eu
tinha um melhor amigo. Na verdade, ele não é o meu melhor amigo. Eu que sou a
melhor amiga dele. Ou era. Acho que ele só precisa de alguém que seja tão
estranho quanto ele e que não precise do mínimo contato humano. Ficar horas
trancados no quarto e ainda assim, parecia que estávamos sozinhos. Ele tinha um
dom de me fazer não ligar ficar perto dele. Não sei se isso é considerado
gostar de alguém. Mas se for, eu até que gostava bastante dele.
A coisa toda aconteceu muito rápido. Meu
telefone tocou por alguns minutos até eu abrir os olhos e perceber que não era
um sonho. Foi a notícia mais estranha que eu já tinha recebido na minha vida.
Não pela notícia em si, todos morrem, todos ficam doentes, todos vão para o
hospital. Mas não ele. Não a pessoa que me considerava a melhor amiga dele. Ele
não estava morto. Mas a notícia de que ele estava no hospital, me fez pensar
nisso. E se ele morresse? Com quem eu passaria meu tempo em silêncio jogando vídeo
game? Com quem eu passaria meu tempo em silêncio escutando música ou lendo um
livro? Ele sempre estava lá. Mesmo quando não parecia estar. E se ele, de
repente, não estivesse mais? Foi ai que as pessoas começaram a falar que as
coisas nem sempre eram como a gente queria. E foi ai que as coisas começaram a
ficar confusas. Muito confusas. Não tão confusas quanto a oração subordinada
substantiva objetiva direta, mas ainda assim, me fez ficar pensativa.
O dia mais estranho foi quando eu fui para
o hospital visitá-lo. Eu não iria. Mas de repente, eu estava lá. Na frente de
um balcão, tirando os fones de ouvido e falando com uma mulher com uma cara de
poucos amigos. Era no quarto 301. E quando eu pensei em ir embora, meus pés me
levaram diretamente para o quarto dele. Eu abri a porta sem saber ao certo o
que eu iria ver. Ele estava lá. Deitado, com os olhos fechados. A única coisa
diferente eram os tubos passando pelo seu corpo. Fora isso, ele bem que poderia
estar dormindo. Eu sentei numa cadeira perto da cama e puxei meu livro da
bolsa. Meu cérebro rapidamente se distraiu. Algumas horas depois, uma mulher
entrou na sala e anotou algumas coisas. A hora de visita tinha acabado e eu
tinha que ir embora. Eu não queria. Era estranho. Eu nunca quis tanto estar
perto de alguém. Sempre que minha família resolvia ir lá em casa – mesmo com
todas as minhas tentativas de impedir - eu me trancava dentro do quarto e
inventava alguma desculpa. TPM. Era a minha preferida. Pelo menos era uma
desculpa válida. Eu não tinha essas coisas, meu humor nunca alternava. Às vezes
eu ficava incomodada com alguma coisa, mas nada muito grave. Todos da família
achavam que eu era algum tipo de maníaca estressada que tinha TPM as quatro
semanas do mês. Por mim, tudo bem. Assim as pessoas não ficavam perto de mim
por muito tempo. Todas elas, menos ele. Ele, que estava deitado na cama, em
silêncio. Eu levantei da cadeira e caminhei lentamente pra sair do hospital.
Uma moça com os olhos inchados passou do meu lado. Era tão parecida com ele. Aqueles
cabelos loiros que brilhavam com o sol e até o jeito como piscava. Ela olhou
pra mim por um longo tempo e me fez ficar desconfortável. As pessoas não
costumavam me encarar desse jeito. Eu era só mais uma na multidão. Mas ela veio
até perto de mim e eu tive que parar de andar. Era a mãe dele. Eu nunca a tinha
visto antes. Ele nunca falava muito sobre a sua família. Na verdade, ele nunca
falava muito sobre nada. Nós éramos perfeitos juntos. Não juntos de verdade,
mas juntos. Ela olhou pra mim e segurou minha mão. Eu fiz um esforço pra dar um
sorriso. Não gostava dessa coisa toda de contato. Não fazia ideia do que eu
devia falar ou se eu devia falar alguma coisa. Minhas interações sociais
aparentemente se resumiam a ir pro trabalho e digitar papéis enquanto meu chefe
me contava dos problemas com a esposa e eu fingia estar gostando da conversa.
Não entendia qual era o problema em não querer ir na casa da sogra, mas a
mulher dele parecia achar isso uma grande ofensa.
A mãe dele deixou uma lágrima escapar e eu
sorri de novo. Não acho que um sorriso fosse a coisa certa a fazer, mas as
pessoas sempre diziam que eu devia sorrir mais. Então, foi uma coisa
automática. Como se eu fosse um robô programado pra sorrir sempre que alguém
falasse comigo. Ela me devolveu o sorriso, mas não foi um sorriso de verdade.
Foi um sorriso triste. Não que eu entendesse muito sobre essas coisas, mas ele
estava numa cama de hospital e tinha tubos passando dentro dele, ela devia
estar muito triste. E eu também. Mas eu não achava nada. Eu queria que ele
voltasse pra casa e estivesse em silêncio comigo em outro lugar, mas eu não
estava chorando. Não estava com nenhum peso no coração ou em qualquer outra
parte do meu corpo. Eu só estava lá. E aquela mulher não largava a minha mão.
Eu murmurei uma daquelas frases básicas. “Ele vai ficar bem.” E fiz um carinho
rápido na mão dela. Ela só balançou a cabeça e enxugou as lágrimas de novo. Ela
disse uma frase que eu não esperava. “Ele fala muito de você”. Ele fala. Tudo
bem. Mas fala muito? Não parecia ser ele. Não parecia ser o garoto que passava
horas e mais horas em silêncio comigo. Eu devo ter olhado pra ela com um pouco
de dúvida, pois no momento seguinte ela começou a atirar várias frases seguidas
em mim. “Ele fala tanto, mas tanto! Sempre falava de como era divertido passar
as horas com você, de como vocês conversavam e se davam bem!” É, alguma coisa
estava muito errada. Talvez ela estivesse me confundindo com outra pessoa. Mas
a não ser que essa outra pessoa tivesse o mesmo nome que eu... “ Ah, Bea, ele
fala tanto de você! Fico feliz por você ter vindo.” Mas ela não parecia feliz
de verdade. Mas posso estar enganada. Eu sorri de novo. Não sabia o que dizer,
ainda. “É, nós ficamos muito tempo juntos.” Foi tudo o que eu consegui dizer. E
ela balançou a cabeça de novo, concordando e enxugando suas lágrimas.
Eu voltei pra casa. Caminhando pela rua,
lentamente. Eu não sabia o que tinha acontecido com ele. E depois de algum
tempo, percebi que eu devia ter perguntado. Talvez desse jeito, eu saberia se
ele ia morrer ou se ficaria por ai por mais algum tempo. As frases da mãe dele
não queriam sair da minha mente. Eu não estava preocupada. Estava curiosa. Por
que ele teria mentido? Nós nunca conversávamos muito. E quando conversávamos, era
sobre coisas simples. E era sempre ele que começava o assunto. Às vezes era
sobre jogos. Outras vezes sobre livros e outras vezes sobre filmes e música.
Mas nada mais. E ele era a única pessoa que eu poderia chamar de amigo. Será
que era isso, então? Amizade. Devia ser. Uma semana se passou. Eu ia pro
trabalho. Minha mãe me ligava. As pessoas pareciam insistir em fazer parte da
minha vida. Eu não estava com vontade de impedir. Ele ainda estava no hospital.
Eu passava mais tempo lá do que na minha própria casa. A companhia dele era
algo que eu precisava. Assim como eu precisava comer e beber água. Vai ver ele
era necessário pra minha sobrevivência. Eu, eventualmente, descobri o que havia
acontecido com ele. Algumas pessoas acharam que seria divertido bater nele até
a morte por acharem que ele era gay. Não sei se ele era ou não, mas aquilo me
deixou um pouco incomodada. Não o fato de ele ser gay, mas o fato de terem
batido nele. A mãe dele parecia chorar menos. Mas seus olhos ainda estavam
inchados. Um dia, quando eu fui visitá-lo ela falou comigo de novo. Eu nem
sabia o nome dela. “Bea, eu não entendo, por que eles fariam isso com o meu
filho?” Eu também não sabia. E não respondia nada. “Ele não é gay, é?” Aquilo
era uma pergunta que não devia ser feita pra mim. Como eu ia saber? E se ele
fosse, que diferença faria? “Você sabe que não, não é? Quer dizer... vocês dois
passavam tanto tempo juntos e ele parecia tão feliz.” Aquilo não fez sentido
algum pra mim. Mas eu concordei com a cabeça. Eu deixava o hospital apenas
quando me expulsavam de lá. Mas depois de umas duas semanas, eu ficava muito
incomodada quando eles apareciam pra me mandar embora. Eu sempre levava um
livro e sempre levava meu celular com minhas músicas. Uma coisa que me
incomodava muito, era o fato de ele não abrir os olhos e o fato das visitas dos
médicos ficarem cada vez menos freqüentes. Será que isso queria dizer que ele
estava melhorando? Ou piorando? Ou que nada havia mudado? Eu queria perguntar
isso pros médicos, mas não o fiz. Apenas fiquei lá, sentada, lendo, observando
até que me mandavam ir embora. A mãe dele aparecia de vez em quando, jogava
algumas perguntas pra mim e eu tentava o meu melhor pra responder e sorrir.
Acho que ela começou a achar que eu era estranha. Um dia ela disse que tinham
psicólogos no hospital e que eles poderiam me ajudar a lidar com essa situação.
“Sabe... essa situação. De perda. Sabe?” Mas ela parecia precisar mais de um
psicólogo do que eu. Eu estava muito bem, obrigada. Só um pouco incomodada com
o sono eterno dele.
Eu comecei a não ter mais vontade de ir pro
trabalho, mas eu precisava do dinheiro pra pagar o aluguel. Meu chefe
continuava com problemas com a mulher dele e ela me parecia cada vez mais
irritante. Mas eu continuei fazendo o meu trabalho. Minha casa começou a
parecer um lugar vazio demais. Eu tentava não ir para o hospital, mas eu sempre
acabava indo do mesmo jeito. Quando um mês se passou, eu comecei a me sentir
estranha. Eu começava a ficar muito incomodada com algumas coisas. E sentia
vontade de quebrar as coisas ou jogar elas nas pessoas. Uma vez, eu tive
vontade de entrar no hospital e tirar todos os tubos dele. Eu senti vontade de
sacudi-lo até ele abrir os olhos. Mas eu não fiz isso. Não parecia ser a coisa
certa a fazer. Eu passei mais um mês depois daquele. Eu ia ao hospital todos os
dias. Eu ia pro trabalho todos os dias. E cada dia parecia mais incômodo. Cada
dia que passava me deixava mais confusa. A mãe dele começou a falar mais
comigo. Ela parecia chorar menos. E até sorriu de verdade uma vez ou outra. Eu
tive que conversar com ela algumas vezes. Era estranho. Ela parecia gostar de
mim. Ela perguntava sobre coisas e eu respondia. O que eu fazia, onde eu
trabalhava, se eu gostava do meu trabalho. Se eu tinha feito faculdade. Quantos
anos eu tinha. Qual era o meu livro preferido e música e filme. E todas aquelas
coisas desnecessárias que as pessoas perguntam quando querem se aproximar uma
das outras. Eu falei mais nesses últimos meses do que eu tinha falado em toda a
minha vida. E ele não estava lá. A mãe dele era gentil. Ela às vezes trazia
biscoitos. Às vezes trazia bolo.
Depois do terceiro mês, eu fiquei muito
incomodada. Eu cheguei a quebrar alguns pratos em casa e a jogar algumas coisas
na parede. Lágrimas até saíram dos meus olhos. E eu não sabia o porquê. Eu
estava confusa. Eu não conseguia me concentrar em muitas coisas. Um dia, então,
quando eu cheguei no hospital e sentei na minha cadeira de sempre com um livro
nas mãos. Ele abriu os olhos. Eu fiquei ali sentada, olhando pra ele e ele
olhando pra mim. E então, ele sorriu. E eu sorri também. Foi uma coisa simples.
Eu senti todo aquele incomodo ir embora. Uma médica veio e anotou mais algumas
coisas. Depois vários médicos e eu fui tirada do quarto. Eu tentei dizer que eu
queria ficar, mas eles me tiraram do mesmo jeito. De que adianta falar se as
pessoas não te ouvem? Ele ficou lá olhando pra mim enquanto eu saia pela porta.
E a mãe dele me abraçou do lado de fora. “Ele acordou, né? Acordou. Finalmente.
Eu achei que ele fosse morrer.” Eu coloquei meus braços ao redor dela. E ela
chorou de novo. Quando ela finalmente me soltou, eu sentei num dos bancos do
corredor e esperei. Ela andou de um lado para o outro. Eu estava incomodada de
novo. As pessoas demoravam tanto pra aparecer e dar notícias. Eu estava quase
levantando pra andar de um lado pro outro junto com ela, quando um homem
apareceu. “Ele está bem”. E pela primeira vez, eu senti alguma coisa. Meu corpo
pareceu reconhecer aquelas palavras como algo bom e eu senti um alívio
diferente. A mãe dele me abraçou de novo e eu sorri. Alguns minutos depois
estávamos dentro do quarto. Eu, ele e a mãe dele. Ele conseguia falar. A voz um
pouco rouca e às vezes os sons pareciam confusos. Acho que ele ficou feliz em
me ver de novo. Mas pareceu meio espantado quando viu a mãe dele me abraçar.
Ele ficou em silêncio por um longo momento. E logo depois dormiu. Foi esquisito
vê-lo fechar os olhos. Eu senti uma urgência enorme. Acho que eu senti medo de
que ele não fosse acordar de novo, mas eu me segurei. Não o acordei. Não fiz
nada. Andei lentamente pra minha cadeira e sentei. Eu ia esperar ali, pra
sempre. A mãe dele saiu do quarto e eu adormeci também.
O mês seguinte foi bem complicado. Ele
ainda estava fraco, ficou no hospital, mas abria os olhos todos os dias. E um
dia, quando estávamos sozinhos e ele já estava conseguindo se sentar sozinho,
ele me chamou. E foi a maior conversa que nós dois tivemos. “Por que você está
aqui?” Era uma pergunta justa. Nem eu sabia por que eu estava ali. Mas eu sabia
que eu queria estar. “Não sei” E ele olhou pra mim com uma cara estranha. “Não
achei que viesse.” E nem eu, eu pensei. Mas só olhei pra ele e balancei a
cabeça. Ele continuou. “Achei que eu fosse morrer.” Eu continuei balançando a cabeça.
E ai, alguma coisa voltou a minha mente. Aquela história toda de a gente
conversar bastante. “Por que disse pra sua mãe que conversávamos muitos?” Eu
continuei olhando pra ele, mas ele pareceu se sentir envergonhado. Ele desviou
o olhar e olhou por alguns momentos pros próprios pés. Demorou um bom tempo pra
ele responder. Mas eu esperei. “Eu achei que minha mãe ficaria feliz. Eu queria
que a gente conversasse. E eu fingi que isso era verdade. Eu gostava de ficar
com você.” Eu balancei a cabeça de novo. “Entendi.” E eu tinha entendido. Mas
parecia que ele queria que eu dissesse algo a mais. Mas eu não sabia o que. Eu
sentei novamente na minha cadeira e comecei a ler. O silêncio voltou. As coisas
pareciam que iam voltar ao normal. Depois de algum tempo, ele voltou pra casa.
Eu fui visitá-lo em casa algumas vezes. Mas na maior parte do tempo, ele ia na
minha casa. Ela voltou a ser o nosso ponto de encontro. Todos os dias ele
estava lá. E eu continuei indo pro trabalho e continuei fazendo as coisas que eu
tinha que fazer, mas todos os dias, eu sabia que ele estaria lá.
Um dia, num domingo a tarde, ele levou
chocolate pra mim. Eu comi os chocolates. E em um momento, não lembro bem como
aconteceu. Ele estava perto de mim. E no outro momento, nossos lábios estavam
colados. Eu me senti estranha. Eu havia evitado qualquer tipo de contato por
toda a minha vida. Até minha infância tinha sido esquisita. Uma criança
reclusa. Que passava a tarde inteira trancada no seu quarto e só aparecia pra
comer. E agora, eu estava ali. Com os lábios dele nos meus. E como se fosse uma
reação automática, eu o envolvi em meus braços. E ele me envolveu nos dele. E
eu senti. Eu sei que eu senti alguma coisa, por que o meu coração bateu tão
rápido que parecia que eu ele ia explodir. Ele me levou pro sofá e depois nós
estávamos no chão. Seu corpo perto do meu. Sua pele macia em cima da minha.
Nossos olhos se encontrando. E pela primeira vez, eu queria mais contato. Eu
queria tudo. Eu queria que ele fosse parte de mim. Eu devo ter gritado quando
eu o senti dentro de mim. Acho que deve ter sido o máximo de contato, foi uma
mistura de dor e prazer. Ele deitou ao meu lado. Eu fiquei ali parada olhando
pro teto, em silêncio. Deixando o meu corpo sentir e a minha mente processar e
entender o que estava acontecendo. Mas isso não aconteceu. Eu continuei me
sentindo confusa, cada vez mais. Mas eu sabia que eu queria ele ali. Ali. Pra
sempre. Pra fechar os olhos e abri-los todos os dias. Ao meu lado. Por que ele
era a única pessoa que eu me sentia confortável por perto. Acho que eu gostava
mais dele do que eu podia definir. A vida nem sempre é do jeito que esperamos.
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