quinta-feira, 25 de outubro de 2012

General Dourado


            Seus olhos amarelados percorrem os campos. O crepúsculo sobrenatural era claro nessa região. Mesmo ao sol do meio dia, no meio do céu a noite imperava, criando um espetáculo estranho. Seus exércitos estavam perfeitamente alinhados. O feixe de pelos de todos os elmos balançavam homogeneamente com a força do vento. Seu próprio elmo dourado descansava sob um de seus braços, brilhando junto com sua armadura também dourada. A sua direita, a cavalaria de Dragões-Corcéis, todos eles cavalgando os cavalos dracônicos com escamas douradas. A sua esquerda, o suporte de magos e clérigos de combate. Todos eles com os mantos e armaduras em detalhes dourados. Era a Primeira Legião, a Legião Dourada. E ele era o General Dourado, o general que já vencera batalhas quase perdidas. Aquele cuja Legião era conhecida pela lealdade inabalável.
            Próxima à linha do horizonte, a multidão de mortos vivos aguardava impaciente. Um mago ao lado do General Dourado mostrava que as vidências sobre o exército redivivo não funcionavam perfeitamente. Os Olhos Observadores que eram convocados estacavam a quilômetros da massa de corpos. Mesmo assim, ele era capaz de analisar friamente. Os cabelos muito brancos de um elfo que caminhava tranquilamente mostrava que um dos da Primeira Geração estava comandando o exército. Um dos elfos que, amaldiçoados pelo Deus do Sol, escolheram a vida falsa oferecida pelo Rei Lich antes mesmo que um dos amaldiçoados mais poderosos conseguisse reverter uma parte da maldição. Em vez de se tornarem Elfos Negros, se tornaram Vampiros. O rosto pálido se destacava ante os demais. Ele havia trazido alguns fantasmas para darem suporte e alguns mortos vivos com capacidade de voar.
            Depois de observar tudo o que podia, avisou em uma rápida reunião com os líderes das centúrias qual seria a estratégia. Eles iriam se fechar em barreiras de escudos e avançariam lentamente. As baixas deveriam ser mínimas. O objetivo não era ganhar terreno ou causarem baixas nos inimigos. Eles seriam iscas. Uma distração para que um poderoso grupo de aventureiros invadisse a Torre do Eclipse Eterno e conseguissem a primeira vitória palpável contra o, agora, Demilich. Eles se dispuseram a entrar no território ocupado e acabar com a magia que trazia a noite. A Primeira Legião deveria somente suportar a carga até que eles conseguissem dissipar a magia. Caso demorassem mais de um dia, a Legião iria se retirar, assumindo que eles haviam perecido em missão. Seria um dia inteiro de combate. As tropas seriam divididas em três grupos, com um descansando enquanto outro dava suporte ao grupo que iria agüentar duas horas de combate. E assim seria por um dia.
            Quando a Noite Eterna cedesse, a Legião Argêntea, junto com a Legião Escarlate, iria chegar para renderem a Dourada e tomarem o território, eliminando os inimigos remanescentes. Como sempre, a Dourada ficava com a pior parte. Afinal, Viviane e Radamanto, Generais da Argêntea e da Escarlate, eram filhos de Conselheiros. Ele era somente um plebeu. Um plebeu com um exército capaz de dar a vida por ele. Um plebeu que despontou como o melhor General que essa terra já vira. Ele era um simples humano. Ele era somente o General Dourado. Nada além disso.
            Erguendo sua espada, a Força da Legião, sua voz se ergue em um grito que trespassa o ar com a força de um rugido. Como que respondendo ao seu rugido, um terço de suas forças avançam. Prontas para dar a vida em mais uma batalha.

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